Impacto dos custos previdenciários e de saúde pública com a doença de Chagas: uma realidade no Nordeste brasileiro
Resumo
A Doença de Chagas (DCh) apresenta caráter multifatorial com fatores biológicos, históricos, políticos e socioeconômicos, ressaltando nesse cenário um forte impacto médico-trabalhista e o caráter estigmatizante, pois as pessoas acometidas com a DCh são cercadas também por discriminações, principalmente no que se refere às atividades laborais. O objetivo deste estudo é analisar os gastos em Previdência Social e Saúde Pública com pacientes com doença de Chagas em área endêmica do Nordeste do Brasil. Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, com abordagem quantitativa, sobre 226 indivíduos segurados pela Previdência Social e pertencentes à mesorregião Oeste do Rio Grande do Norte, entre janeiro de 2006 a dezembro de 2016. Os dados obtidos revelam que sobressaiu o sexo masculino (71,7%), com idade entre 40 e 64 anos (65%), sem instrução/1° ciclo fundamental incompleto (65,8%) e atividade laboral rural (74,8%). Destacaram-se custos com o auxílio-doença para a forma indeterminada e aposentadoria para a forma cardíaca da doença. Os valores se discriminam em melhorias habitacionais (R$ 11.701.272,94); borrifações (R$ 45.018,44); benzonidazol (R$ 7.972,95) e internações (R$422.747,10). Comparados os gastos previdenciários com os de outras doenças infectocontagiosas, a DCh ficou em primeiro lugar nas aposentadorias e em segundo nos custos de auxílio por incapacidade temporária. Conclui-se que o encargo previdenciário com a DCh representa um elevado compromisso para a Previdência Social; já a descontinuidade de investimentos em habitações, borrifações e fornecimento do benzonidazol retrata a negligência com a prevenção e tratamento da infecção chagásica na área.
Palavras-chave: doença de Chagas; prevenção de doenças; Previdência Social.
Abstract
Chagas disease presents as a multifactorial affliction with biological, historical, political and socioeconomic factors. We emphasized the great impact that it's having on people’s lives, stigmatizing by the fact. Those affected by Chagas are often subjected to discrimination, particularly regarding employment opportunities. This paper objective is to analyze social security and public Health expenses with Chagas disease patients at an endemic area of Brazilian’s Northeast. It is a retrospective, descriptive, and quantitative study on 226 subjects from East Rio Grande do Norte mesoregion assisted by Social Security, between January 2006 and December 2016. The data show 71% of males, age between 40 and 64 years old (65%), without formal instruction/primary education incomplete (65.8%), and rural worker (74.8%). Stand out the costs with sickness benefits for the indeterminate form of the disease and retirement for the hearth disease occurrence. The values are broken down into housing improvements (R$11,701,272.94); spraying (R$45,018.44); benzonidazole (R$7,972.95), and hospitalizations (R$422,747.10). Comparing the social security expenses with those of other infectious diseases, HCD ranked first in retirements and second in the costs of temporary disability allowances. It can be concluded that the social security burden with CHD represents a high commitment for Social Security; the discontinuity of investments in housing, spraying, and the supply of benzonidazole portray the negligence with the prevention and treatment of chagasic infection in the area.
Keywords: Chagas disease; prevention of diseases; Social Security.
Resumen
La enfermedad de Chagas (ECh) tiene carácter multifactorial con factores biológicos, históricos, políticos y socioeconómicos, destacándose en ese escenario un fuerte impacto médico-laboral y el carácter estigmatizante, puesto que las personas que sufren la ECh están igualmente cercadas por discriminación, especialmente en lo que a las actividades laborales se refiere. El objetivo de este estudio es analizar los gastos de la Previdencia Social y Salud Pública con pacientes con enfermedad de Chagas en área endémica del noreste de Brasil. Se trata de un estudio retrospectivo, descriptivo, de orientación cualitativa, sobre 226 individuos atendidos por la Previdencia Social, residentes en la mesorregión occidental del Rio Grande do Norte, entre enero de 2006 y diciembre 2016. Los datos obtenidos revelan que sobresale el sexo masculino (71,7%), con edad entre 40 y 64 años (65%), sin instrucción/educación primaria incompleta (65,8%) y actividad laboral rural (74,8%). Se destacan los costos con auxilio-enfermedad para la forma indeterminada y jubilación para la forma cardíaca de la enfermedad. Los valores se desglosan en mejorías en las viviendas (R$ 11.701.272,94); fumigaciones (R$ 45.018,44) y hospitalizaciones (R$ 422.747,10). Comparados esos gastos de la Previdencia con los de otras enfermedades infectocontagiosas, la ECh está en primer lugar entre las pensiones y en segundo en los costos de auxilio por incapacidad temporal. Se concluye que la carga previsional con ECh representa un alto compromiso para la Previdencia Social; a su vez, la discontinuidad en inversiones en viviendas, fumigación y suministro de benzonidazol refleja negligencia con la prevención y tratamiento del mal de Chagas en la zona.
Palabras-clave: enfermedad de Chagas; prevención de enfermedades; Previdencia Social.
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