Orgulho de ser travesti: a ressignificação da identidade social travesti como estratégia de resistência

Autores

  • Kalynka Oliveira Feliciano Centro Universitário Internacional UNINTER

Resumo

O presente artigo tem como objetivo refletir acerca da construção da identidade travesti, sobre a forma como os processos coloniais afetaram essa identidade e difundiram, nas práticas diárias, atos de violência, que fizeram com que esses corpos, ainda hoje, sejam criminalizados, violentados, marginalizados. Pretende discorrer sobre a importância da formação do Movimento de Travestis e Mulheres Transexuais através de uma ação coletiva em busca de uma transformação da realidade, dando início a um processo de ressiginificação desta identidade. A metodologia deste estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica de natureza exploratória. Conclui-se que a construção da identidade social travesti acontece em um contexto latino-americano permeado pela opressão em torno da raça, gênero, classe social, localização geográfica e que fomenta no imaginário social a ideia de que esses corpos são abjetos e merecem ser marginalizados. O contexto social, os anos de ausência de cidadania, de perseguições e violências, que se intensificaram no período do regime autoritário militar, fizeram com que as travestis se organizassem coletivamente, visando a construção de um projeto político dotado de estratégias de resistência, para lutar por cidadania, políticas públicas, efetivação dos direitos sociais, políticas afirmativas contra as opressões e fortalecer o processo de ressignificação dessa identidade.

Palavras-chave: travestis; travestifobia; resistência; ressignificação. 

Abstract 

This article aims to reflect about transvestite’s identity construction, i.e., it intends to know how the colonial processes affected this identity and spread, in daily practices, acts of violence that caused these bodies, even today, are criminalized, violated, marginalized. Also, the importance Transvestite and Transsexual Women's Movement formation through collective action in search of a transformation of reality are discussed, initiating a re-signification process of this identity. The methodology of this study consists of bibliographical research of an exploratory nature. It is concluded that the construction of the transvestite social identity takes place in a Latin American context permeated by oppression around race, gender, social class, geographic location and that fosters in the social imaginary the idea that these bodies are abject and deserve to be marginalized. The social context, the years of absence of citizenship, persecution and violence, which intensified during the military authoritarian regime, made transvestites organize collectively, aiming to build a political project with strategies of resistance, to fight for citizenship, public policies, enforcement of social rights, affirmative policies against oppression and strengthen the process of re-signification of this identity.  

Keywords: transvestites; transvestiphobia; resistance; resignification.

Resumen

Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre la construcción de la identidad travesti, sobre cómo los procesos coloniales afectaron esa identidad y diseminaron, en las prácticas cotidianas, actos de violencia, que hicieron que estos cuerpos, aún hoy, sean criminalizados, violados, marginados. Pretende discutir la importancia de la formación del Movimiento de Mujeres Travestis y Transexuales a través de una acción colectiva en busca de una transformación de la realidad, iniciando un proceso de resignificación de esa identidad. La metodología de este estudio se apoya en una investigación bibliográfica de carácter exploratorio. Se concluye que la construcción de la identidad social travesti se da en un contexto latinoamericano permeado por la opresión en torno a raza, género, clase social, ubicación geográfica y que fomenta en el imaginario social la idea de que estos cuerpos son abyectos y merecen ser marginados. El contexto social, los años de ausencia de ciudadanía, persecución y violencia, que se intensificaron durante el período del régimen militar autoritario, hicieron que las travestis se organizaran colectivamente, con el objetivo de construir un proyecto político dotado de estrategias de resistencia, para luchar por la ciudadanía, las políticas públicas, la concreción de los derechos sociales, políticas afirmativas contra la opresión y fortalecer el proceso de replanteamiento de esta identidad.

Palabras-clave: travestis; travestifobia; resistencia; resignificación.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Kalynka Oliveira Feliciano, Centro Universitário Internacional UNINTER

Graduanda do Curso de Bacharelado em Serviço Social – UNINTER. 

Referências

BAGAGLI, Beatriz Pagliarini. A diferença trans no gênero para além da patologização. Revista Periódicus, Salvador, n. 5, v. 1, p. 87-100, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/article/view/17178. Acesso em: 10 mar. 2023.

BENEVIDES, Bruna G. Dossiê: assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2022. Brasília, DF: ANTRA, 2023. Disponível em: https://antrabrasil.files.wordpress.com/2023/01/dossieantra2023.pdf. Acesso em: 6 mar. 2023.

BOTTON, Viviane Bagiotto. Muxes: gênero e subjetivação, entre a tradição e as novidades. Ecopolítica, Perdizes, n. 17, p. 19-32, jan./abr. 2017.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

JESUS, Jaqueline Gomes. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Guia técnico sobre pessoas transexuais, travestis e demais transgêneros, para formadores de opinião. 2. ed. Brasília, DF, 2012. Disponível em: https://www.diversidadesexual.com.br/wp-content/uploads/2013/04/G%C3%8ANERO-CONCEITOS-E-TERMOS.pdf. Acesso em: 8 mar. 2023.

JESUS, Jaqueline Gomes. Notas sobre as travessias da população trans na história. Revista Cult, São Paulo, n. 235, p. 16-21, 2018. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/uma-nova-pauta-politica/. Acesso em: 6 mar. 2023.

JESUS, Jaqueline Gomes. Xica Manicongo: a transgeneridade toma a palavra. Revista Docência e Cibercultura, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 250-260, 2019. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/re-doc/index. Acesso em: 6 mar. 2023.

JONES, Peter. O deus do sexo. 1. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARX, Lana. Travesti ou Transexual? Qual a diferença? Transfeminismo, [s. l.], 21 jun. 2016. Disponível em: https://transfeminismo.com/travesti-ou-transexual-qual-a-diferenca/ Acesso em: 6 mar. 2023.

ODARA, Thiffany. Pedagogia da desobediência: Travestilizando a educação. 1. ed. Salvador: Devires, 2020.

OLIVEIRA, Francine N. A. Gênero, cultura e o dispositivo da transexualidade: a formação da identidade travesti no Brasil. Darandina, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, 2017. DOI 10.34019/1983-8379.2017.v10.28254

OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. Nem ao centro nem à margem: corpos que escapam às normas de raça e gênero. 1. ed. Salvador: Devires, 2020.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónké. Conceituando o gênero: os fundamentos eurocêntricos dos conceitos feministas e o desafio das epistemologias africanas. Codesria Gender Series, Dakar, v. 1, p. 1-10, 2004. Disponível em: https://filosofia-africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/oy%C3%A8r%C3%B3nk%C3%A9_oy%C4%9Bw%C3%B9m%C3%AD_-_conceitualizando_o_g%C3%AAnero._os_fundamentos_euroc%C3%AAntrico_dos_conceitos_feministas_e_o_desafio_das_epistemologias_africanas.pdf. Acesso em: 7 mar. 2023.

PASSOS, Maria Clara A. A transfobia é um vício branco. Blogueiras negras, 31 jan. 2018. Disponível em: https://blogueirasnegras.org/transfobia-e-um-vicio-branco/ Acesso em: 8 mar. 2023.

PASSOS, Maria Clara A. Pedagogias das travestilidades. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2022.

SANTOS, Jocélio Teles dos. “Incorrigíveis, afeminados, desenfreados”: Indumentária e travestismo na Bahia do século XIX. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 142-182, 1997. DOI https://doi.org/10.1590/S0034-77011997000200005

STELLMANN, Renata. A masculinidade na clínica. 2007. Dissertação (Mestrado em Psicologia) — Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=9704@1. Acesso em: 10 mar. 2023.

Downloads

Publicado

2023-06-07

Edição

Seção

Artigos