Dificuldades do técnico e auxiliar de Enfermagem na abordagem do paciente transgênero na cidade de Atibaia

Autores

  • Jéssyca de Souza Rocha UNINTER

Resumo

Segundo dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas transgênero vivem apenas 35 anos, enquanto as demais têm uma estimativa de vida de 75,5. A baixa expectativa de vida não reflete apenas o fato de o Brasil ser o país que mais mata transgêneros no mundo, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA, 2021). A falta de políticas públicas e o medo dos julgamentos ao buscar assistência em saúde também reduzem drasticamente a expectativa de vida dessa população, marginalizada pelos paradigmas sociais atuais. O objetivo geral deste estudo é identificar as dificuldades dos profissionais de saúde em formação e sugerir mudanças na grade curricular para inclusão do tema. O método utilizado foi a pesquisa de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa; dois grupos foram considerados no critério de inclusão: a população transgênero, para dar voz àqueles que mais precisam de assistência, e um grupo de profissionais em formação, alunos do curso técnico de enfermagem. Como resultado, destacou-se a existência de preconceito e falta de noções de abordagem adequada durante a formação professional, fatores que afastam o público transgênero do sistema de saúde. Atualmente, a grade curricular do curso técnico de enfermagem tem diversas matérias e temas importantes à vida profissional. Contudo, a ausência da temática trans é uma desatualização significativa, analisada neste estudo.

Palavras-chave: pessoa transgênero; assistência de enfermagem; técnico de enfermagem; nome social.

Abstract

According to 2016 data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), transgender people live only 35 years, while the others have an estimated lifespan of 75.5. The low life expectancy does not only reflect the fact that Brazil is the country that kills the most transgender people in the world, according to the National Association of Transvestites and Transsexuals (ANTRA, 2021). The lack of public policies and the fear of judgments when seeking health care also drastically reduce the life expectancy of this population, marginalized by current social paradigms. The general objective of this study is to identify the difficulties faced by health professionals in training and suggest changes in the curriculum to include the topic. The method used was field research, with quantitative and qualitative approach; two groups were considered in the inclusion criteria: the transgender population, to give voice to those who most need assistance, and a group of professionals in training, students of the technical nursing course. As a result, the existence of prejudice and lack of notions of an adequate approach during professional training was highlighted, factors that distance the transgender public from the health system. Currently, the curriculum of the technical nursing course has several subjects and topics that are important to professional life. However, the absence of the trans theme is a significant outdating, analyzed in this study.

Keywords: transgender person; nursing care; nursing technician; social name.

Resumen

De acuerdo con datos de 2016 del Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE), las personas transgénero viven solo 35 años, mientras que las demás tienen una esperanza de vida de 75,5. La baja expectativa de vida no refleja únicamente el hecho de que Brasil es el país que más mata transgéneros en el mundo, según la Asociación Nacional de Travestis y Transexuales (ANTRA, 2021). La falta de políticas públicas y el miedo a ser juzgada al buscar asistencia en salud también reducen drásticamente la esperanza de vida de esa población, marginalizada por los paradigmas sociales actuales. El objetivo general de este estudio es identificar las dificultades de los profesionales de la salud en formación y sugerir cambios en el currículo en el sentido de incluir el tema. El método utilizado fue la investigación de campo, con orientación cuantitativa y cualitativa; dos grupos fueron considerados por los criterios de inclusión: la población transgénero, para darle voz a quienes más necesitan asistencia, y un grupo de profesionales en formación, estudiantes del curso técnico en enfermería. Como resultado, se puso em evidencia la existencia de prejuicio y la carencia de nociones de atención adecuada durante la formación profesional, hechos que alejan al público transgénero del sistema de salud. Actualmente, el currículo del curso técnico de enfermería cuenta con diversas materias relevantes para el ejercicio profesional. Sin embargo, la ausencia de la temática trans refleja una desactualización significativa, analizada en este estudio.

Palabras-clave: persona transgénero, asistencia de enfermería; técnico de enfermería; nombre social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jéssyca de Souza Rocha, UNINTER

Graduanda no Centro Universitário Internacional Uninter.

Referências

ALMA-ATA. Declaração da Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde. URSS, 1978. Disponível em: http://bioeticaediplomacia.org/wp-content/uploads/2013/10/alma-ata.pdf. Acesso em: 05 abr. 2021.

ANTRA - Associação Nacional de Travestis e Transexuais. 2021. Disponível em: https://antrabrasil.org/. Acesso em: 05 abr. 2021.

ASCOM. Pesquisa alerta sobre a saúde de pessoas trans. PUCRS, Porto Alegre, 12 jan. 2017. Notícias. Disponível em: https://www.pucrs.br/blog/pesquisa-alerta-sobre-saude-de-pessoas-trans/. Acesso em: 05 abr. 2021.

BENEVIDES, Bruna. Como acessar o sus para questões de transição? Antra. 27 jul. 2020. Disponível em: https://antrabrasil.org/2020/07/27/como-acessar-o-sus-para-questoes-de-transicao/. Acesso em: 05 abr. 2021.

BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada online. versão NVI. 2021. Disponível em: https://www.bibliaon.com/. Acesso em: 05 abr. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 07 jun. 2021.

BRASIL. Decreto n.º 8.727, de 28 de abril de 2016. Dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 1, 2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/d8727.htm. Acesso em: 07 jun. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Nota técnica 18/2014. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://blog.saude.mg.gov.br/wp-content/uploads/2016/01/NOTA-TECNICA-NOME-SOCIAL-18-2014.pdf. Acesso em: 07 jun. 2021.

BRASIL. Portaria 1.370, de 21 de junho de 2019. Inclui procedimento na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 44, 2019. Disponível em: https://brasilsus.com.br/wp-content/uploads/2019/06/portaria1370.pdf. Acesso em: 07 jun. 2021.

COSTA, Ângelo Brandelli et al. Healthcare Needs of and Access Barriers for Brazilian Transgender and Gender Diverse People. J Immigr Minor Health, [s. l.], v. 20, n. 1, p. 113-123, 2018. Doi: 10.1007/s10903-016-0527-7.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA (IBGE). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. Disponível em: https://ibge.gov.br/. Acesso em: 09 abr. 2020.

KELLETT, P.; FITTON, C. Supporting transvisibility and gender diversity in nursing practice and education: embracing cultural safety. Nursing Inquiry, [s. l.], v. 24, n. 1, p. 1-7, 2017. DOI: 10.1111/nin.12146

KENDALL-RAYNOR, P. Transgender training and knowledge left to chance. Nurs Stand, [s. l.], v. 31, n. 8, p. 12-3, 2016. DOI: 10.7748/ns.31.8.12.s13

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Assembleia Geral das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm. Acesso em: 13 jul. 2020.

ROSA et al. Assistência de Enfermagem à população trans: gêneros na perspectiva da prática profissional. Rev. Bras. Enferm. [internet], Brasília, v. 72, p. 311-9, fev. 2019. Suplemento 1. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0644

STF enquadra homofobia e transfobia como crimes de racismo ao reconhecer omissão legislativa. Portal STF, Brasília, 13 jun. 2019. Notícias. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=414010. Acesso em: 07 jun. 2021.

STF reconhece a transgêneros possibilidade de alteração de registro civil sem mudança de sexo. Portal STF, Brasília, 1 mar. 2018. Notícias. Diponível em: http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=371085. Acesso em: 07 jun. 2021.

TRANSGÊNERO. In: Dicio. Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2021. Disponível em: https://www.dicio.com.br/transgênero/. Acesso em: 07 jun. 2021.

Downloads

Publicado

2022-01-31

Edição

Seção

Artigo