A modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na perspectiva das Escolas Itinerantes nos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná

Autores

  • Mariani Strapazzon dos Santos Freitas Centro Universitário Internacional UNINTER

Resumo

O trabalho tem por objetivo realizar algumas reflexões e apontamentos sobre as Escolas Itinerantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, considerando suas especificidades e sua importância dentro dos acampamentos. Isso porque a educação que os acampados recebem precisa contribuir para a formação integral dos sujeitos do campo, objetivando sua emancipação e consciência de classe, na luta pela terra e reforma agrária. A metodologia utilizada foi a documental e  bibliográfica, pois a partir delas é possível a consulta a autores basilares para a educação do campo — como Pistrak (2000), com os fundamentos da escola do trabalho; Makarenko (FILONOV, 2010), pedagogo soviético que contribuiu para a educação no período da Revolução Russa a partir de 1917; e Gramsci (1999), que apresenta os conceitos de ideologia e hegemonia, necessários para o entendimento da lutas contra-hegemônicas, enfrentadas por movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Destaca-se também Marx, considerado uma referência para a Pedagogia do Movimento, a partir da sua Crítica ao Programa de Gotha (2012). Para elaboração desta pesquisa, além dos já citados, foram utilizados outros autores que contribuem para uma visão crítica da educação brasileira, como Saviani (2008) e Freire (1967, 1983), entre outros. Esta pesquisa trata de considerar, portanto, que a educação dos movimentos sociais busca a emancipação da consciência da classe trabalhadora e a formação omnilateral.

Palavras-chave: escolas itinerantes; MST; Educação de Jovens e Adultos; Educação do Campo.

Abstract

The work aims to carry out some reflections and notes on the Itinerant Schools of the Landless Rural Workers Movement – MST, in the form of Youth and Adult Education, considering their specificities and their importance within the camps. This is because the education that campers receive needs to contribute to the integral formation of rural subjects, aiming at their emancipation and class consciousness, in the struggle for land and agrarian reform. The methodology used was documental and bibliographical, as based on them it is possible to consult basic authors for rural education — such as Pistrak (2000), with the foundations of the school of work; Makarenko (FILONOV, 2010), Soviet pedagogue who contributed to education in the period of the Russian Revolution from 1917 onwards; and Gramsci (1999), who presents the concepts of ideology and hegemony, necessary for understanding the counter-hegemonic struggles faced by social movements such as the Landless Rural Workers Movement. Marx is also noteworthy, considered a reference for the Pedagogy of Movement, based on his Critique of the Gotha Programme (2012). To elaborate this research, in addition to those already mentioned, other authors who contribute to a critical view of Brazilian education were used, such as Saviani (2008) and Freire (1967, 1983), among others. This research tries to consider, therefore, that the education of social movements seeks the emancipation of the consciousness of the working class and omnilateral formation.

Keywords: traveling schools; MST; Youth and Adult Education; Rural Education.

Resumen

El trabajo tiene el objetivo de realizar algunas reflexiones y apuntes sobre las Escuelas Itinerantes del Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra – MST, en la modalidad de Educación de Jóvenes y Adultos, considerando sus especificidades y su importancia dentro de los campamentos. Eso porque la educación que los acampados reciben necesita aportar a la formación integral de los sujetos del campo, en función de su emancipación y consciencia de clase en la lucha por la tierra y la reforma agraria. La metodología utilizada fue documental y bibliográfica, pues a partir de ellas es posible la consulta a autores fundamentales para la educación del campo — como Pistrak (2000), con los principios de la escuela del trabajo; Makarenko (FILONOV, 2010), pedagogo soviético que contribuyó para la educación en el período de la Revolución Rusa a partir de 1917; e Gramsci (1999), quien presenta los conceptos de ideología y hegemonía, necesarios para la comprensión de las luchas contrahegemónicas, libradas por movimientos sociales como el Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra. Se destaca también Marx, considerado como referencia para la Pedagogía del Movimiento, a partir de su Crítica al Programa de Gotha (2012). Para la elaboración de esta investigación, además de los citados, se utilizaron otros autores que contribuyen para una visión crítica de la educación brasileña, como Saviani (2008) y Freire (1967, 1983), entre otros. Esta investigación trata de considerar, por lo tanto, que la educación de los movimientos sociales busca la emancipación de la consciencia de la clase trabajadora y la formación omnilateral.

Palabras-clave: escuelas itinerantes; MST; Educación de Jóvenes y Adultos; Educación del Campo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mariani Strapazzon dos Santos Freitas, Centro Universitário Internacional UNINTER

Graduada em Pedagogia e pós-graduanda em Pedagogia do Esporte no Centro Universitário Internacional UNINTER

Referências

ARAÚJO, M. N. R. D. Educação de Jovens e Adultos. In: CALDART, R.S. et al. Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro, São Paulo: Expressão Popular, 2012.

BAHNIUK, C.; CAMINI, I. Escola Itinerante. In: CALDART, R.S. et al. Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro, São Paulo: Expressão Popular, 2012.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm Acesso em: 15 jun. 2020.

BOTTOMORE, T. Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

CHAUÍ, M. O que é ideologia? 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2008. Disponível em: http://www.mrherondomingues.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/27/1470/14/arquivos/File/Documentacao/Oqueideologia.pdf. Acesso em: 06 maio 2020.

FREIRE. P. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

FREIRE. P. Extensão ou comunicação? 8. ed. Tradução Rosisca Darcy de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

FILONOV, G. N. Anton Makarenko. Tradução Ester Buffa. Organização Carlos Bauer; Ester Buffa. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. (Coleção Educadores).

GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5. ed. São Paulo: Autores Associados, 2009.

GOMEZ, M. V. O círculo de cultura: opção teórico-metodológica na educação. In: ENDIPE, 17., 2014, Fortaleza. Livro 2. Eduece. Fortaleza; UECE, 2014. Disponível em: http://www.uece.br/endipe2014/ebooks/livro2/O%20CI%CC%81RCULO%20DE%20CULTURA%20OP%C3%87AO%20TE%C3%93RICO-METODOL%C3%93GICA%20NA%20EDUCA%C3%87%C3%83O.pdf . Acesso em: 3 ago. 2020.

GOMEZ, Margarita Victoria. O Círculo De Cultura: Opção Teórico Metodológica Na Educação. ENDIPE,2014. Disponível em: <http://www.uece.br/endipe2014/ebooks/livro2/O%20CI%CC%81R CULO%20DE%20CULTURA%20OP%C3%87AO%20TE%C3%93R ICOMETODOL%C3%93GICA%20NA%20EDUCA%C3%87%C3%8 3O.pdf> Acesso em: 10 set, 2020.

GONÇALVES, N. G. Fundamentos históricos e filosóficos da educação brasileira. Curitiba: IBPEX, 2008.

GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. Tradução Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. v. 1.

GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. 3. ed. Tradução Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

HOELLER, S. C.; FAGUNDES, M. C.; FARIAS, M. I. Educação do campo, educação popular e a Geografia: uma construção dialógica. Curitiba: Intersaberes, 2019.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARX, K. Crítica do Programa de Gotha. Tradução Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2012.

MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Tradução Edmilson Costa. 3. ed. São Paulo: Edipro, 2015.

MST. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Site do MST. Disponível em: mst.org.br. Acesso em: 7 fev. 2020.

MST. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Alfabetização de Jovens e Adultos - Didática da Linguagem. Caderno da Educação, Porto Alegre, n. 4, 1994. Disponível em: https://mst.org.br/biblioteca-da-questao-agraria/. Acesso em: 20 jun. 2020.

MST. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Princípios da educação no MST. Caderno da Educação, Porto Alegre, n. 8, jul. 1996. Disponível em: https://mst.org.br/biblioteca-da-questao-agraria/. Acesso em: 20 jun. 2020.

MST. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Itinerante: a Escola dos Sem Terra - Trajetórias e significados. Cadernos da Escola Itinerante – MST, Curitiba, ano 1, n. 2, out. 2008. Disponível em: https://mst.org.br/biblioteca-da-questao-agraria/. Acesso em: 20 jun. 2020.

OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista – o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2003.

OLIVEIRA, Lia Maria Teixeira de; CAMPOS, Marília. Educação Básica do Campo. In: CALDART, R.S. et al. Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro, São Paulo: Expressão Popular, 2012.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. Curitiba: SEED, 2006a. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_eja.pdf. Acesso em: 05 ago. 2020.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná (DCE) - Educação do Campo. Curitiba: SEED, 2006b. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/diretriz_edcampo.pdf. Acesso em: 5 ago. 2020.

PISTRAK, M. M. Fundamentos da escola do trabalho. Tradução D. A. R. Filho. São Paulo: Expressão Popular, 2000.

SAPELLI, M. L. S.; LEITE, V. de J.; BAHNIUK, C. Ensaios da escola do trabalho na luta pela terra: 15 anos da Escola Itinerante no Paraná. São Paulo: Expressão Popular, 2019.

SAVIANI, D. Escola e democracia – Teorias da Educação - Curvatura da vara – Onze teses sobre educação e política. 40. ed. São Paulo: Autores Associados, 2008.

SCHLESENER, A. H. O caderno A de Antonio Gramsci: a hegemonia, a linguagem, a literatura e seus desdobramentos na educação. Revista Dialectus, Fortaleza, ano 3, n. 8, jan./ago. 2016. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/5216. Acesso em: 5 ago. 2020.

SCHLESENER, A. H.; ALMEIDA, T. M. G. de. A Crítica de Marx ao Programa de Gotha. A redefinição da concepção de educação a partir do conceito de trabalho. In: SOUZA, M. A. (org.). Escola pública, escola do campo e projeto político-pedagógico. Curitiba: Ed. Universidade Tuiuti do Paraná, 2018.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

SOARES, K. C. D.; SOARES, M. A. S. Sistemas de ensino: legislação e política educacional para a educação básica. Curitiba: InterSaberes, 2017.

Downloads

Publicado

2021-12-09