Exu: de deus mitológico à demônio cristão
Resumo
Este artigo tem por objetivo demonstrar parte do percurso histórico de uma divindade do panteão africano. Exu, em sua fonte mitológica, é criação de Olódùmarè, o deus criador dos Orixás na cultura africana. Exu é cultuado em diversas vertentes de matrizes africanas pelo mundo; foi demonizado por padres missionários portugueses, ainda em sua terra de origem, por suas representações fálicas. Portador de uma personalidade dual, é apresentado desde diferentes óticas ao longo de sua trajetória; ora é o malfeitor, desordeiro, briguento e colérico, ora o ordenador do caos, o benfeitor e o fiscalizador da conduta humana. Migrou para o Brasil na memória dos africanos que foram tirados do seu continente de origem para serem escravizados, no período colonial. Aos africanos escravizados, impôs-se a religião católica; eram obrigados a frequentar as missas e a jurar que estavam convertidos, para não sofrer punições. Porém, em forma de resistência, para manter seu culto ancestral, iniciaram o sincretismo no Brasil. Assim como seu povo, Exu também resistiu ao tempo e aos pré-conceitos estabelecidos ao longo da história. Na atualidade, se faz presente e é cultuado em diversas vertentes religiosas pelo mundo.
Palavras-chave: Exu; religião; matrizes africanas; ritos; rituais.
Abstract
This article aims to demonstrate part of the historical path of a deity from the African pantheon. Exu, in its mythological source, is the creation of Olódùmarè, the creator god of the Orixás in African culture. Exu is worshiped in various lines of African matrices around the world; it was demonized by Portuguese missionary priests, still in its homeland, for its phallic representations. Bearer of a dual personality, it is presented from different perspectives throughout its trajectory; sometimes it is the evildoer, troublesome, quarrelsome, and angry, and at other times the chaos regulator, the benefactor, and the supervisor of human conduct. It migrated to Brazil in the memory of Africans who were taken from their continent of origin to be enslaved during the colonial period. On enslaved Africans, the Catholic religion was imposed; they were obliged to attend Mass and swear that they were converted, to not suffer punishment. However, in the form of resistance, to maintain their ancestral cult, they started syncretism in Brazil. Like its people, Exu also resisted time and prejudices established throughout history. Currently, it is present and worshiped in various religious orientations around the world.
Keywords: Exu; religion; African matrices; rites; rituals.
Resumen
Este artículo tiene el objetivo de demostrar parte del recorrido histórico de una divinidad del panteón africano. Exú, en su fuente mitológica, es creación de Olódùmarè, el dios creador de los Orixás en la cultura africana. Es venerado por diversas vertientes de las matrices africanas por el mundo; fue demonizado por padres misioneros portugueses, aún en su tierra de origen, por sus representaciones fálicas. De personalidad dual, se presenta desde óticas distintas a lo largo de su trayectoria; ora es el malhechor, promotor de desórdenes, peleón y colérico, ora el regulador del caos, el bienhechor y vigilante de la conducta humana. Migró hacia Brasil en la memoria de los africanos, apartados de su continente de origen para ser esclavizados, en el período colonial. A los africanos esclavizados, se les impuso la religión católica; estaban obligados a frecuentar la misa y a jurar que se habían convertido, para no sufrir puniciones. Sin embargo, bajo la forma de resistencia, para mantener su culto ancestral, dieron inicio al sincretismo en Brasil. Así como su pueblo, Exú también resistió al tiempo y a los prejuicios establecidos a lo largo de la historia. Actualmente, está presente y le rinden culto en diversas vertientes religiosas por el mundo.
Palabras-clave: Exú; religión; matrices africanas; ritos; rituales.
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