Música-palavra: uma proposta de educação musical embasada em John Paynter
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar uma proposta de educação musical de John Paynter, que reúne duas áreas do conhecimento, a música e a literatura, no ensino de crianças e jovens de escolas regulares. As reflexões sobre “Como ensinar música” são bem presentes na história, remontam à Grécia antiga, passam pela Idade Média, apresentam significativos avanços na Idade Moderna, mas é só nos primeiros anos do século XX que, de fato, ganham força e destaque. Nesse período, surgem os teóricos da chamada “primeira geração”, como Dalcroze, Orff, Kodály e Suzuki, que construíram propostas inovadoras que revolucionaram a educação musical ao utilizarem o corpo e outras linguagens artísticas, além de valorizarem a língua e a pesquisa musical. Logo em seguida, surge a chamada “segunda geração”, que tinha como proposta valorizar, no ensino de música, a pluralidade dos saberes de diversas áreas do conhecimento, em detrimento das ideias passadas, proporcionando aos discentes novas experimentações e criações musicais ao invés das práticas de repetição e dos estudos prioritariamente teóricos e técnicos. Nomes como Boris Porena, Murray Schafer e John Paynter destacaram-se nesse grupo, sendo esse último educador objeto de estudo deste artigo. Dentre tantos projetos de Paynter, optou-se por analisar, com detalhes, nessa pesquisa, o projeto Música-Palavra, que propõe um trabalho de criação de poemas e de peças musicais que interpretem, com perfeição, os poemas criados pelos alunos, para que o ouvinte consiga captar, efetivamente, a ideia transmitida pelo texto e associada à música. Trata-se de uma proposta inovadora e relevante, uma vez que ela favorece o desenvolvimento de habilidades, de sentimentos e de competências capazes de contribuir para a formação integral dos alunos e para uma aprendizagem significativa, expressiva e criativa de música nas escolas.
Palavras-chave: educação musical; música criativa; John Paynter.
Abstract
The purpose of this article is to analyze a musical education proposal by John Paynter, which brings together two fields of knowledge, music and literature, for the purpose of instructing children and adolescents in schools. Reflections on "how to teach music" are present in history, dating back to Ancient Greece, through the Middle Ages, with significant advances in modern times, but it was only in the early years of the 20th century that they really gained strength and prominence. During this period, the so-called "first generation" of theorists emerged, such as Dalcroze, Orff, Kodály, and Suzuki, who developed innovative proposals that revolutionized music education by using the body and other artistic languages, valuing language and musical research. This was followed by the so-called "second generation", whose proposal was to value in music education the plurality of knowledge from different fields to the detriment of past ideas, and to provide students with new musical experiments and creations instead of repetitive practices and primarily theoretical and technical studies. Boris Porena, Murray Schafer, and John Paynter stood out in this group, the latter being the educator studied in this article. Among Paynter's many projects, we chose to analyze in detail in this research the Music-Word project, which proposes the creation of poetry and musical pieces that perfectly interpret the poetry created by the students, so that the listener can effectively grasp the idea conveyed by the text and associated with the music. This is an innovative and relevant proposal because it encourages the development of skills, feelings and competencies that can contribute to the holistic education of students and to meaningful, expressive and creative music learning in schools.
Keywords: music education; creative music; John Paynter.
Resumen
Este artículo tiene como objetivo analizar una propuesta de educación musical de John Paynter, que reúne dos áreas del conocimiento, la música y la literatura, en la enseñanza de niños y jóvenes de escuelas regulares. Las reflexiones sobre “Cómo enseñar música” son bien presentes en la historia, retroceden hacia la Grecia antigua, pasan por la Edad Media, presentan significativos avanzos en la Edad Moderna, pero solo en los primeros años del siglo XX ganaron, de hecho, fuerza y atención. En ese periodo, surgen los teóricos de la llamada “primera generación”, como Dalcroze, Orff, Kodály y Suzuki, que construyeron propuestas innovadoras que revolucionaron la educación musical al utilizar el cuerpo y otros lenguajes artísticos, además de valorarse la lengua y la investigación musical. Enseguida, surge la llamada “segunda generación”, que tenía como propuesta valorar, en la enseñanza de música, la pluralidad de los saberes de distintas áreas del conocimiento, en detrimento de ideas pasadas, proporcionando a los discentes nuevas experimentaciones y creaciones musicales en vez de las prácticas de repetición y los estudios prioritariamente teóricos y técnicos. Nombres como Boris Porena, Murray Schafer y John Paynter se destacaron en ese grupo, siendo este último educador objeto de estudio de este artículo. Entre tantos proyectos de Paynter, se optó por analizar, con detalles, en esa investigación, el proyecto Música-Palabra, que propone un trabajo de creación de poemas y de piezas musicales que interpreten, con perfección, los poemas creados por los alumnos, para que el oyente pueda captar, efectivamente, la idea transmitida por el texto y asociada a la música. Se trata de una propuesta innovadora y relevante, una vez que favorece el desarrollo de habilidades, de sentimientos y de competencias capaces de contribuir para la formación integral de los alumnos y para un aprendizaje significativo, expresivo y creativo de música en las escuelas.
Palabras clave: educación musical; música creativa; John Paynter.
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Referências
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