A lei 10.639/03 e os desafios do ensino de história e cultura africana

Autores

  • Renan da Cruz Padilha Soares Centro Universitário Internacional UNINTER
  • Samara Meira Silva Fernandes Centro Universitário Internacional UNINTER.

Resumo

O objetivo dessa pesquisa é apresentar as diferentes realidades da aplicação da Lei 10.639/03, que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas, na disciplina de História. Com isso, analisará o eurocentrismo enraizado no ensino de História, visão segundo a qual determinados grupos sociais não têm voz própria ou não são reconhecidos como sujeitos históricos. Essa pesquisa tem o intuito de mostrar que ainda é possível expandir os horizontes tanto no ambiente acadêmico quanto nas escolas, colaborando para que docentes e discentes reflitam sobre o rumo da História no Brasil e o eurocentrismo que a impregna. A partir do estudo da implementação da Lei 10.639/03, seus avanços e dificuldades para o ensino da disciplina, pretende-se evidenciar a importância de se rever a forma como a história dos negros e negras vem sendo trabalhada e de colocá-los como sujeitos e protagonistas de sua própria história. Consideraremos metodologias que podem oferecer condições para reverter o quadro que determina que esses grupos sociais não tenham voz e lugar, sejam objetificados e não reconhecidos como sujeitos históricos. Também faremos uma análise qualitativa da Lei 10639/03 e de experiências empíricas relatadas em pesquisas e na mídia.

Palavras-chave: escravidão; ensino; eurocentrismo; Lei 10.639/03. 

Abstract

The objective of this research is to present the different realities of the application of Law 10.639/03, which established the mandatory teaching of Afro-Brazilian and African history and culture in schools, in History classes. Hence, it will analyze the eurocentrism rooted in the teaching of History, a view according to which certain social groups do not have their own voice or are not recognized as historical subjects. This research aims to show that it is still possible to expand horizons both in the academic environment and in schools, collaborating so that teachers and students reflect on the direction of history in Brazil and the eurocentrism that permeates it. From the study of the implementation of Law 10.639/03, its advances and difficulties in teaching the subject, it is intended to highlight the importance of reviewing the way in which the history of black men and women has been worked on and placing them as subjects and protagonists of their own history. We will consider methodologies that can provide the conditions to reverse this scenario that determines that these social groups have no voice and place, are objectified and are not recognized as historical subjects. We will also make a qualitative analysis of Law 10639/03 and empirical experiences reported in research and in the media.

Keywords: slavery; teaching; eurocentrism; Law 10.639/03.

Resumen

El objetivo de esta investigación es presentar las diferentes realidades de la aplicación de la Ley 10.639/03, que estableció la enseñanza obligatoria de la historia y de la cultura afrobrasileña y africana en las escuelas, en la disciplina de Historia. Con esto, se analizará el eurocentrismo enraizado en la enseñanza de la Historia, visión según la cual determinados grupos sociales no tienen voz propia o no son reconocidos como sujetos históricos. Esta investigación tiene como objetivo mostrar que todavía es posible ampliar horizontes tanto en el ambiente académico como en las escuelas, ayudando a profesores y estudiantes a reflexionar sobre el curso de la Historia en Brasil y el eurocentrismo que la impregna. A partir del estudio de la implementación de la Ley 10.639/03, sus avances y dificultades para la enseñanza de la asignatura, se pretende resaltar la importancia de revisar la forma en que la historia de los negros y negras ha sido trabajada en el aula y situarlos como sujetos y protagonistas de su propia historia. Consideraremos metodologías que puedan brindar condiciones para revertir el cuadro que determina que esos grupos sociales no tengan voz ni lugar, sean cosificados y no reconocidos como sujetos históricos. También haremos un análisis cualitativo de la Ley 10639/03 y de experiencias empíricas reportadas en investigaciones y en los medios de comunicación.

Palabras-clave: esclavitud; enseñanza; eurocentrismo; Ley 10.639/03.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Renan da Cruz Padilha Soares, Centro Universitário Internacional UNINTER

Mestre em prática pelo Colégio Pedro II. Professor no Centro Universitário Internacional UNINTER.

Samara Meira Silva Fernandes, Centro Universitário Internacional UNINTER.

Licencianda em História no Centro Universitário Internacional UNINTER.

Referências

BATISTA, Renato Ribeiro. Resistência e liberdade: A recusa do escravo urbano em participar da Revolta dos Malês. 2020. TCC (Licenciatura em História) - Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos, Guarulhos, 2020. Disponível em: https://fg.edu.br/wp-content/uploads/2021/04/TCC-2020-Renato-revolta-males-escravo-urbano-resistencia-Profa.-M-Ciscati.pdf. Acesso em: 08 mar 2022.

BERNARDINO, Joaze. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 247-273, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/eaa/a/3xQ6wKrtF8nn4vWy3wprrpp/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 03 fev. 2022.

BITTENCOURT, C. Livros didáticos entre textos e imagens. In: BITTENCOURT, C. O saber histórico na sala de aula. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2013.

BRASIL. Lei 10.639/03. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília: Presidência da república, 2003. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 20 nov. 2021.

CERQUEIRA, Silvana Reis da Silva. Ensino de história e cultura afrobrasileira: Saberes e práticas com a Lei 10.639/03 no Colégio Estadual Abelardo Moreira. 2020. 138 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade do Estado da Bahia - Campus I, Salvador, 2020. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/581023/2/Dissertaca%CC%83o%20vers%C3%A3o%20final%20p%C3%B3s%20banca%20-%20Silvana.pdf. Acesso em: 21 nov. 2021.

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

COOPER, Frederick; HOLT, Thomas C.; SCOTT, Rebecca J. Além da escravidão: investigações sobre raça, trabalho e cidadania em sociedades pós emancipação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

CORREIA, Janaína dos Santos. O uso de fontes em sala de aula: A obra de Maria Firmina dos Reis (1859) como mediadora no estudo da escravidão negra no Brasil. 2013. 166 f. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Pós-Graduação na Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013. Disponível em: http://observatorioensinodehistoria.cp.ufmg.br/api/wp-content/uploads/2017/04/11_Correia_Janaina_-S_Me_2013.pdf. Acesso em: 22 jan. 2022.

FARIA, Fernando Augusto. Escravidão no Paraná: Síntese historiográfica e

material de uso pedagógico. 2018. 125 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de História) - Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/600956/2/disserta%C3%A7%C3%A3o-fernando.pdf. Acesso em: 17 mar 2022.

FERREIRA, Nara Torrecilha. Como o acesso à educação desmonta o mito da democracia racial. Ensaio: Avaliação e políticas públicas em educação, Rio de Janeiro, v. 27, n. 104, p. 476-498, jul/set. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/LGb4NSSNf8HGhyps4yhnrDB/?lang=pt. Acesso em: 21 jan. 2022.

FRAGOSO, João Luis. O império escravocrata e a república dos plantadores. In: LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990.

FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala. 51. ed. São Paulo: Global Editora, 2006.

LEITE, Maria Jorge dos Santos. Tráfico Atlântico, escravidão e resistência no Brasil. Revistas História da África e de Estudos da Diáspora Africana, v. 10, n. 19. p. 64-82, ago. 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/sankofa/article/view/137196/132982. Acesso em: 14 mar. 2022.

MARÇAL, José Antônio; LIMA, Silvia Maria Amorim. Relações étnico-culturais: historiografia da cultura afrobrasileira e indígena no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2015.

REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

RIBEIRO, Djamila. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SANTOS, Aline Dias dos. Iconografia e representação feminina: As mulheres negras nos livros didáticos de História pós-lei 10.639/03. 2017. 198 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Humanas e da Educação, Florianópolis, 2017. Disponível em: http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/2666/aline_dias_dos_santos___final.pdf. Acesso em: 24 ago. 2021.

SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2009.

SLENES, Robert. W. Na senzala uma flor: Esperanças e recordações na formação da família escrava. Brasil Sudeste, século XIX. 2. ed. Campinas: Editora Unicamp, 2011.

TELLES, E. E. Racismo à brasileira: Uma nova perspectiva sociológica. Tradução de Ana Arruda Callado, Nadjeda Rodrigues Marques e Camila Olsen. Rio de Janeiro: Relume Dumará/Fundação Ford, 2003.

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1987.

Downloads

Publicado

2022-07-25